Pesquisa revela reflexos do novo coronavírus na prática de atividade física
Clínica médica comenta mudanças e ressalta a importância do exercício para a saúde. Já Presidente do Sindac-DF fala sobre a inatividade do setor na capital
Além dos impactos econômicos e sociais causados pela pandemia do novo coronavírus, outro aspecto importante a ser considerado é a redução significativa de atividade física durante a quarentena. Um estudo recente da Polar, empresa de aparelhos vestíveis (wearables) mostrou que a prática diminuiu cerca de 20%.
De acordo com a pesquisa, as atividades ao ar livre, como corrida e esportes de força foram as mais afetadas, com uma queda de 13% a 55%. Exercícios que precisam de algum equipamento, como encontrados em academias, também caíram, a natação teve índice mais significativo, somando 86% de queda. Em seguida, a corrida na esteira, que diminuiu 67%. Por outro lado, o treino em casa está crescendo. Um exemplo disso são as atividades funcionais, que cresceram 94%.
Mas qual a importância disso para o nosso corpo em tempos de pandemia? Patrícia Costa, clínica médica do Hospital Anchieta de Brasília, explica que as consequências dessa inatividade são graves e podem levar ao aumento da obesidade, piora do funcionamento de alguns órgãos, como perda óssea, redução do condicionamento físico e cardiovascular e aumento do estresse, levando a piora da saúde mental.
A especialista ressalta que é importante manter- se fisicamente ativo nessa época de pandemia. “Temos evidências na literatura sobre os diversos benefícios proporcionados pela prática de regular de atividade física, com a melhora do sistema imunológico, da resposta à infecção, da saúde mental, do condicionamento físico e cardiovascular, além de prevenir vários tipos de doenças”, comenta a médica.
Além disso, pesquisas descobriram que o hormônio do exercício, em estudo desenvolvido pela Universidade Estadual paulista (UNESP), a irisina liberada pelo músculo durante o exercício físico pode ter efeito terapêutico na covid- 19. “Esse hormônio altera o gene que codifica uma proteína à qual o vírus se liga para entrada na célula, também aumenta a expressão de um gene que reduz a replicação viral”, destaca.
Ela continua: com o prolongamento da pandemia é importante manter-se fisicamente ativo, considerando que os benefícios trazidos à saúde física e mental são comprovadamente consistentes”. Mas alerta que, no entanto, a prática dessa atividade deve seguir todas as medidas para evitar o contágio do novo Coronavírus, como o uso de máscaras e os cuidados com as superfícies que podem estar contaminadas, além de manter o distanciamento social.
A Dra Patrícia complementa que aqueles que antes da pandemia não realizavam nenhum tipo de atividade física, devem ser cautelosos, começando devagar, obedecendo seus limites e, buscando auxílio de profissionais da saúde para uma avaliação prévia.
Academias fechadas por mais de 100 dias
Para Thais Yeleni, profissional de educação física e presidente do Sindicato das Academias do Distrito Federal, o Sindac DF, a inatividade do brasiliense está diretamente ligada ao fechamento das academias e pode ser extremamente prejudicial à saúde. “Com as unidades fechadas, os clientes deixaram de se exercitar, alguns até tentaram aulas online, mas fica complicado sem o profissional por perto para orientar, ainda mais quem tem alguma doença”, afirma.
Ela acrescenta que essa falta de atividade física traz uma diminuição drástica da massa magra, que são os músculos, diminuindo consequentemente o gasto calórico e aumentando as taxas de gordura e glicemia do organismo. “O sedentarismo também enfraquece os pulmões e o coração, diminui a atividade do cérebro, aumentando a ansiedade e os conflitos da mente, por exemplo”, cita Thais.
“Em resumo, é um prejuízo é gigantesco, pois a atividade física atua até no ganho da imunidade, fundamental no combate e prevenção ao novo Coronavírus”, conclui.