Zoológicos brasileiros pecam na infraestrutura com riscos à segurança, constata PROTESTE
Há jaulas e áreas restritas com fácil acesso, escassez de informações socioeducativas e animais confinados em condições inadequadas
A depender da segurança dos zoológicos brasileiros, poderia se repetir no País o ocorrido no Zoológico de Cincinatti, em Ohio, nos Estados Unidos, em que um garoto entrou no local onde um gorila era mantido, e o animal foi morto. Foi o que constatou avaliação da PROTESTE Associação de Consumidores em cinco parques em São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Foz do Iguaçu, cujas áreas restritas, incluindo algumas jaulas, têm fácil acesso.
Seja por falta de cadeados ou por ausência de sinalização, o acesso às áreas onde os animais são mantidos acaba facilitado. Além disso, a PROTESTE constatou que havia grades de proteção e barras de ferro mal posicionadas, prejudicando a visualização dos animais pelos visitantes. Isso leva muitas pessoas a se colocarem – ou suas crianças – em situações de risco para poder ver os animais de perto. No caso dos Estados Unidos, o menino de quatro anos teria engatinhado e passado sob a barreira, caindo em área mais de três metros abaixo, onde os gorilas são mantidos. A PROTESTE denunciou os problemas encontrados às prefeituras das cinco cidades, ao Corpo de Bombeiros e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Pediu a fiscalização dos zoológicos e medidas que sejam capazes de sanar as irregularidades e consequentemente evitar acidentes. No Zoológico de Belo Horizonte, quem pretende ver os felinos deve ter cuidado redobrado: a barra de proteção baixa aumenta o risco de queda no fosso onde eles estão. O zoológico também não prima pelo cuidado com os animais. Havia gaiolas cheias de infiltrações, com pouca sombra para os pássaros, e répteis em ambientes sujos e pequenos. No Parque Dois Irmãos em Recife, que passava por uma reforma desorganizada em março, quando foi feita a visita, havia áreas restritas sem cadeado e acesso a algumas jaulas sem proteção adequada. As gaiolas e as jaulas encontravam-se em péssimas condições. E tinha barras de proteção enferrujadas e pontiagudas. Havia materiais ao longo do percurso, obstruindo saídas de emergência, e fios acumulados. Os sanitários estavam com higiene precária e as lixeiras, cheias de lixo ou quebradas. No Zoológico Municipal do Rio de Janeiro, especialmente na área dos felinos, as barras e grades estavam enferrujadas e quebradas. O portão de acesso ao avestruz estava aberto. A área do jacaré não tinha proteção antiquedas. Havia preás e gatos soltos. No Zoológico de Foz do Iguaçu, foi encontrada uma jiboia em um aquário visivelmente pequeno, além de jaulas com mau cheiro. O local não atende a nenhum quesito de acessibilidade, não tem área para alimentação e os poucos bancos para descanso estão quebrados e com pregos aparentes. Foram frequentes a falta de equipamentos de segurança e sinalização, assim como ambientes e jaulas que não oferecem resistência à fuga de animais, constatados na avaliação, com desrespeito às normas de segurança e meio ambiente. Uma realidade que coloca em risco a integridade física dos visitantes, em especial crianças, idosos e cadeirantes, e que demonstra total descaso com a natureza. Há despreparo para receber o público com segurança, escassez de informações socioeducativas e animais confinados em ambientes que pouco ou nada lembram seus habitats naturais. Até mesmo o Zoológico de São Paulo, que em 2014 recebeu o Prêmio Ações Inclusivas para pessoas com deficiência, devido ao Programa Educação Ambiental e Inclusão Social do zoo, apresentava fragilidades na segurança. Havia muitos desníveis no chão e ausência de sinalização para deficientes visuais. Há áreas íngremes sem corrimão e bancos de madeira nas calçadas, o que dificulta o deslocamento. O local peca na sinalização de forma geral. Foram encontradas barras de proteção quebradas e bebedouros com gambiarras elétricas e enferrujados. Em 2014, no Zoológico de Cascavel, no Paraná, um garoto de 11 anos perdeu o braço após ultrapassar a mureta de proteção da jaula do tigre e ser atacado pelo animal enquanto tentava alimentá-lo. |