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Queda em idosos: causas, riscos e prevenção

Queda em idosos: causas, riscos e prevenção

Incidências indicam que um em cada três idosos irá sofrer ao menos uma queda ao ano

A população idosa vem crescendo significantemente no mundo inteiro. O envelhecimento da população se deve ao grande avanço da medicina, incluindo fatores relevantes que levaram a terceira idade ter uma qualidade de vida mais saudável, mas que inspira cuidados.

De acordo com dados do IBGE, a população idosa no Brasil é atualmente de 22,9 milhões (11,34% da população) e a estimativa é de que nos próximos 20 anos esse número mais que triplique. Porém os médicos alertam que esse envelhecimento vem acompanhado de um aumento de doenças crônico-degenerativas e de eventos incapacitantes, incluindo as quedas e suas consequências.

“As quedas são problemas comuns e frequentemente devastadores para os idosos”, explica o Ortopedista e Traumatologista do HCFMUSP, Gustavo Borgo. Segundo o especialista, a queda entre os idosos estão entre os problemas mais sérios no mundo e um tema estudado por muitos especialistas. “A queda e suas consequências nesta população é causa de um alto índice de mortalidade”, completa.

Geralmente o risco de cair aumenta significamente  com o avançar da idade, principalmente para idosos que vivem institucionalizados, tornando-se um problema grave de saúde pública. Por este motivo, precisamos melhorar a nossa atenção e cuidado com essa população.

Riscos Presumíveis

Para o Dr. Gustavo Borgo as ameaças estão associadas a fragilidade dos idosos e potencializadas pelo ambiente, tais como: pisos escorregadios e molhados, ausência de corrimão, assentos sanitários baixos, mesas e cadeiras instáveis, calçados inapropriados, escadarias inseguras, calçadas em má conservação, degraus de ônibus altos, iluminação inadequada, tapetes e carpetes, prateleiras altas ou objetos no caminho do deslocamento.

Um estudo disponível no portal do Governo do Estado de São Paulo relata que, no Brasil, cerca de 29% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano e 13% caem de forma recorrente, sendo que somente 52% dos dois idosos não relataram evento de quedas.

O Dr. Gustavo explica que muitas doenças estão relacionadas ao envelhecimento da população: envelhecimento do aparelho locomotor, osteoporose, artrose e o envelhecimento muscular. Dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios) apontam que um em cada três idosos irá sofrer ao menos uma queda por ano, sendo que muitos deles sofrerão fraturas graves como a do quadril, seguidos de ombro, punho, joelho e tornozelos. “A média de dias de internação por fraturas do quadril osteoporóticas é de 9 a 21 dias (quase 3 deles na UTI) e a mortalidade no primeiro ano chega a 23% entre as mulheres, e a mais de 60% entre os homens (em pacientes com mais de 80 anos)”, alerta o especialista.

Mas por que o idoso cai?

O Dr. Gustavo explica que os fatores de risco para queda podem ser divididos entre os intrínsecos e extrínsecos. Os fatores de risco intrínsecos são aqueles relacionados ao indivíduo, que aumentam sua fragilidade e limitações motoras. São elas:

•             Idade avançada (acima 80 anos)

•             Sexo feminino

•             Baixa aptidão física

•             Fraqueza muscular de membros inferiores e superiores (medida pela força do aperto de mãos)

•             Equilíbrio diminuído

•             Marcha lenta com passos curtos

•             Dano intelectual

•             Doença de Parkinson

•             Imobilidade

•             Ter tido episódios anteriores de quedas

•             Uso de sedativos, ansiolíticos e hipnóticos

•             Uso de muitos medicamentos (polifarmácia)

•             Infecção urinária

Fatores de risco extrínsecos – aqueles relacionados ao ambiente

•             Tapetes e carpetes

•             Móveis que impedem a livre circulação

•             Uso de calçados, sandálias e chinelos inadequados

•             Pisos encerados ou lisos

•             Falhas em corrimões

•             Falta de locais para apoio de membros superiores

Como prevenir as temidas quedas?

Segundo o médico, a queda ocorre principalmente em ambiente doméstico e pode ser prevenida com simples medidas, facilitando a execução de atividades diárias domésticas. As principais medidas são:

•          Iluminação de ambientes: usar lâmpadas noturnas de baixa voltagem nos banheiros

•             Materiais antiderrapantes e barras de apoio nos banheiros (banheiras, boxes, ao lado dos vasos sanitários etc.)

•             Tapetes: retirar ou fixar no piso

•             Evite deixar rugas ou dobras em tapetes ou carpete

•             Não encerar pisos descobertos

•             Manter o piso livre de obstáculos como sapatos, brinquedos ou mesmo animais domésticos

•             Assegurar que maçanetas, corrimões e passadeiras estejam firmes

•             Controle da temperatura do ambiente (o clima pode causar tonturas nos idosos, seja muito fria ou quente)

•             Corrimões em passagens e corredores

•             Os idosos devem realizar treinamentos de força e equilíbrio

•             Antes de levantar, o idoso deve sentar-se a beirada da cama por alguns minutos

•             Usar sapatos de sola fina e emborrachado e preso aos pés

•             Acompanhamento com geriatra para adequação das medicações em uso.

Perfil Dr. Gustavo Borgo

Médico formado pela Universidade de São Paulo e especialista em Ortopedia e Traumatologia pelo o Instituto de Ortopedia e Traumatologia HCFMUSP. Construiu sua carreira passando por diversos hospitais exercendo a medicina de emergência. Com especialização em Cirurgia de Ombro e Cotovelo já atuou colaborando na formação dos residentes em Ortopedia no IOT. Integra a equipe médica do Hospital Samaritano de São Paulo e do Hospital Israelita Albert Einstein. Fundou este ano o Grupo de Ombro e Cotovelo do Hospital Geral de Itapecerica da Serra (Grande SP), onde desenvolve pesquisa científica, ensino da especialidade aos médicos residentes de ortopedia, atendimentos especializados e realização de procedimentos cirúrgicos de variadas complexidades, trazendo inúmeros benefícios aos usuários do SUS.

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