Você sente tontura com frequência? Saiba quando é preciso se preocupar
O Dia da Tontura é celebrado no dia 22 de abril para trazer o debate sobre o diagnóstico precoce. Aprenda a identificar os sintomas e procurar tratamento
Imagine ficar enjoado e tonto toda vez que for viajar de avião, passear de barco, praticar algum esporte, e até quando criança, nas brincadeiras. Essa é a vida de quem tem tontura, ou labirintite, como é o caso do Giovanni, que convive com os sintomas há 35 anos. “Sou atleta, praticante de jiu-jitsu, e até hoje a labirintite me atrapalha. Em alguns movimentos comuns como cambalhotas e quedas, fico muito tonto, com sensação de queda”, desabafa o atleta.
Com o objetivo principal de incentivar as pessoas a identificarem o diagnóstico correto, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), criou o Dia da Tontura, celebrado todo 22 de abril. A tontura em si é um aviso do corpo de que algo está errado, podendo ser diagnosticada por um otorrinolaringologista ou um neurologista. A condição de tontura pode ser dividida em dois tipos, periférica ou central, como explica o Dr. Jefferson Pitelli, otorrinolaringologista: “As causas podem estar relacionadas com o sistema nervoso central: cérebro, cerebelo e coluna; ou na forma periférica e estar relacionada a distúrbios do labirinto”, explica.
Diferença entre labirintite e tontura
O Dr. Jefferson explica que o termo de labirintite é usado de forma errônea para especificar um quadro de tontura, e que a tontura na verdade é um sintoma, “ela consiste numa sensação de alteração do equilíbrio e do posicionamento espacial, ou seja, o paciente tem a sensação de que está fora do lugar e perde aquela sensação espacial. A labirintite na verdade é uma infecção do labirinto que é uma causa extremamente rara causada por diversos fatores”, explica o médico que também atende no Hospital Anchieta de Brasília.
“Eu tive um diagnóstico tardio de labirintite, porque nunca considerei que tivesse sintomas, apesar de que desde pequeno eu nunca gostei muito de qualquer coisa que envolvesse girar ou dar cambalhota, até mesmo ir em parques de diversão era horrível. Eu já notava que eu era menos resistente que as outras crianças ou jovens até na minha adolescência, mas nunca considerei como um sintoma”, explica Giovanni.
Zumbido, falta de equilíbrio e enjoo são sintomas que fazem as pessoas procurarem primeiro um clínico geral, mas que dependendo do quadro, o exame precisa ser feito com um otorrinolaringologista ou neurologista. “Por exemplo, tem pacientes que apresentam quadro agudo parecido com a labirintite, mas o paciente tem uma doença desmielinizante de esclerose múltipla (doença autoimune), porque pega os nervos responsáveis pelo equilíbrio”, explica a neurologista Dra. Jane Lúcia Machado.
Quando a tontura é um sinal de outra doença
Nunca é normal estar tonto, se o paciente tem tontura, é preciso investigar. As causas do quadro são diversas e podem estar relacionadas com alteração metabólica, de glicemia, de tireóide, de pressão, então qualquer distúrbio metabólico pode causar tontura. Além de causas alimentares, ou seja, o paciente pode ter uma alimentação irregular, principalmente com uso de cafeína, doces e carboidratos em excesso que podem levar à tontura. Existem outras causas como estresse e ansiedade, além de traumas na região da cabeça que também podem causar tontura e distúrbios do labirinto.
“O importante é que quando o paciente apresentar o quadro de sensação de movimento do corpo, tanto do movimento rotatório ou de oscilação da estabilidade postural, é interessante que ele procure uma assistência médica e que investigue”, lembra a neurologista Jane. Ela explica ainda que pode ser algo não grave, mas existem quadros que realmente há uma implicação muito grande na saúde do paciente e pode até ser caso de tumor. “Nos casos, por exemplo, de acidente vascular cerebral (AVC), é importante que se faça e se trate para evitar uma complicação maior para que o paciente não tenha sequelas e seja feito um tratamento precoce”, conclui.
Giovanni conta que seu diagnóstico veio aos 20 anos, quando teve sua maior crise: “Tive uma crise que nem sei dizer o que ativou a tontura, mas comecei a ficar muito tonto e não conseguia fazer nada. Toda vez que eu levantava ou abaixava me vinha uma sensação de desmaio, a vista escurecia e depois voltava. Fiquei assim por uns três dias sem conseguir sair da cama, e meu pai me levou ao médico. Lembro que mesmo com a medicação ainda demorou dois dias para a crise passar”.
Aprenda a controlar os sintomas
O médico otorrino conta que é muito difícil acabar com a tontura rapidamente e lembra que o importante é primeiro identificar a causa da tontura e trabalhar nesse diagnóstico para fazer o tratamento corretamente. “Apesar disso, a sensação de tontura pode ser aliviada com medicamentos ou com alguns exercícios que a gente chama de reabilitação vestibular, que é como se fosse uma fisioterapia do equilíbrio que só o médico vai conseguir identificar e indicar esse tratamento”, explica. Hábitos e alimentação saudáveis e prática de atividade física podem ser a chave para evitar os sintomas, além da diminuição do consumo de cafeína, bebidas alcoólicas e cigarro.
“Existem os medicamentos para tontura que são prescritos por um médico de acordo com a finalidade do tratamento, mas geralmente são medicação para vômito que estabilizam essa disfunção que causa vestígios na fase aguda”, explica a neurologista. “Comumente esses pacientes estão muito desidratados, e nesse caso é feita a hidratação venosa. Se por exemplo o paciente chega se queixando de tontura, ou tem uma arritmia cardíaca, é necessário corrigir arritmia cardíaca para ele passar a tontura; se tem anemia é preciso corrigir a anemia para passar a tontura também”, conclui.